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19 de novembro de 2024
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Entenda por que esta é a pior variante do coronavírus até agora

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Quase dois anos e meio desde o início da pandemia do novo coronavírus, surge a variante mais infecciosa e transmissível até agora.

Sucessivas ondas de Covid-19 causaram a morte de milhões de pessoas, sendo as vacinas a única ajuda para reduzir esse impacto.

Agora, o vírus está se espalhando novamente: evoluindo, driblando a imunidade e aumentando o número de casos e internações. A versão mais recente de sua mutação, a BA.5, é um sinal claro de que a pandemia está longe de acabar.

A mais nova linhagem da Ômicron, juntamente com uma variante próxima, a BA.4, estão gerando um aumento global de casos: 30% na última quinzena, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Na Europa, as subvariantes da Ômicron estão provocando um pico de casos de cerca de 25%, embora o doutor Michael Ryan, diretor-executivo do Programa de Emergências em Saúde da OMS, tenha dito que esse número possa, na verdade, ser ainda maior, dado o “quase desaparecimento dos testes”.

A BA.5 está em expansão na China, aumentando o temor de que as principais cidades possam em breve retomar medidas rígidas de confinamento que foram recentemente flexibilizadas.

Essa mesma variante se tornou a cepa dominante nos Estados Unidos, onde foi responsável por 65% das novas infecções na semana passada, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês).

“Temos observado esse vírus evoluir rapidamente, e também temos nos planejado e nos preparado para este momento. A mensagem que quero passar para povo norte-americano é a seguinte: a BA.5 é algo que estamos monitorando de perto e, o mais importante, sabemos como manejá-la”, disse o doutor Ashish Jha, coordenador de resposta à Covid- 19 na Casa Branca, em uma coletiva de imprensa na terça-feira (12).

No mesmo dia, o Comitê de Emergência da OMS disse que a Covid-19 continua uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional — o maior nível de alerta, declarado pela primeira vez em 20 de janeiro de 2020 — em meio ao aumento de casos, mutações virais contínuas e a pressão crescente sobre os sistemas de saúde, já sobrecarregados.

Em comunicado, o comitê composto por especialistas independentes destacou os desafios para a atual resposta global à Covid-19, incluindo a redução nos testes e a irregularidade no sequenciamento do genoma, levantando dúvidas sobre a capacidade de qualquer país de monitorar a BA.5 com precisão.

Segundo epidemiologistas, os dados oficiais subestimam drasticamente o verdadeiro número de infecções nos EUA, deixando o país com um ponto cego enquanto a variante mais transmissível do coronavírus até agora ganha força.

Alguns especialistas acreditam que pode haver até um milhão de novas infecções diárias na população mais ampla dos EUA — número 10 vezes maior do que a contagem oficial.

Em relação ao manejo da nova onda, o doutor Jha pediu aos norte-americanos com 50 anos ou mais para se vacinarem com a segunda dose de reforço. Adultos que estão em dia com sua vacinação têm menos chance de serem hospitalizados do que pessoas não vacinadas.

No entanto, apenas cerca de um em cada quatro adultos acima de 50 anos nos EUA tomaram a segunda dose de reforço, de acordo com dados coletados pelo CDC.

As autoridades de saúde dos EUA estão trabalhando com urgência em um projeto para liberar a segunda dose de reforço contra a Covid-19 para todos os adultos, de acordo com afirmação de um funcionário sênior da Casa Branca à CNN na segunda-feira (11), em função do receio de que a imunidade dos adultos mais jovens possa estar diminuindo à medida que os casos de Covid-19 aumentam com a predominância da BA.5.

Como a Ômicron é transmitida

A variante Ômicron do coronavírus tem mutações que alteram a proteína spike na superfície do vírus. Essas mutações podem permitir que a Ômicron — e suas subvariantes — escapem da resposta imunológica do corpo, tornando as vacinas menos eficazes.

  • Proteína spike – É a estrutura em formato de taco ou coroa que o vírus usa para se ligar às células;
  • Receptor ACE2 – Este receptor humano é encontrado nas células pulmonares. A proteína spike do vírus se liga ao receptor como uma chave sendo inserida em uma fechadura. A partir daqui, o vírus pode entrar na célula e iniciar sua replicação;
  • Anticorpos – Essas proteínas do sistema imunológico — estimuladas por uma infecção anterior, pela vacinação ou administradas em alguns tratamentos — podem se ligar à proteína spike e impedi-la de se ligar a uma célula. Porém, as mutações podem alterar o formato da proteína spike e impedir que os anticorpos se liguem corretamente.

Qual a diferença da BA.5?

Eric Topol, cardiologista e professor de medicina molecular na instituição de pesquisa Scripps Research, chamou a BA.5 de “a pior versão do vírus já vista”.

Em uma recente publicação, Topol explicou que “o vírus aumenta o escape imunológico, já extenso, para um nível ainda mais amplo, e com isso gera uma maior transmissibilidade”, muito mais que as versões anteriores da Ômicron.

Em outras palavras, a BA.5 pode facilmente driblar a imunidade gerada por infecções e vacinas anteriores, aumentando o risco de reinfecção.

Embora a variante não pareça causar sintomas mais graves, Topol disse em entrevista à CNN na segunda-feira (11) que, dada a extensão do escape imunológico da BA.5, ele espera ver uma escalada nas internações, como vimos na Europa e em outros lugares em que a variante se estabeleceu.

“A parte boa é que a variante não parece vir acompanhada de internações em UTI e de mortes como as variantes anteriores, mas isso é definitivamente preocupante”, acrescentou.

Especialistas em saúde pública nos EUA podem encontrar algum consolo na trajetória da variante na Europa.

O doutor Ryan, da OMS, comentou na semana passada que, enquanto muitos países europeus estão observando um pico em hospitalizações, “o que não estamos vendo é um aumento nas internações em unidades de terapia intensiva, portanto as vacinas ainda estão funcionando, e são as lacunas na imunidade que estão causando o problema”.

Mesmo assim, a grande redução no monitoramento da Covid-19 no mundo todo está dificultando o trabalho dos epidemiologistas de rastrear a evolução do vírus.

“As subvariantes da Ômicron, como a BA.4 e a BA.5, continuam a gerar ondas de casos, internações e mortes em todo o mundo”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em coletiva de imprensa na terça-feira (12).

“O monitoramento caiu drasticamente – incluindo os testes e o sequenciamento – tornando cada vez mais difícil avaliar o impacto das variantes na transmissão, nas características da doença e na eficácia das contramedidas”.

“Novas ondas do vírus demonstram, mais uma vez, que a pandemia de Covid-19 não está nem perto do fim”, concluiu.

Fonte: CNN Brasil
Foto: Pexels

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