A Comissão Externa da Câmara dos Deputados, que acompanha as ações de combate ao novo coronavírus, informou que o Brasil deve produzir 265 milhões de doses da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, da Inglaterra, em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, da Suécia, até o final de 2021.
Um acordo foi feito com a Fundação Oswaldo Cruz para a realização de estudos clínicos e para a produção da vacina. De acordo com a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, 57 mil voluntários estão participando dos testes em todo o mundo, 10 mil são brasileiros.
Nísia confirmou que o processo submissão da vacina à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) começa em outubro. Os resultados preliminares dos testes clínicos devem estar prontos em novembro e a previsão é começar a produção em dezembro, e em janeiro de 2021, complementar o pedido de registro à Anvisa.
Mesmo com a interrupção, por uma semana, dos testes da chamada vacina de Oxford, por causa de reações adversas em um voluntário no Reino Unido, o cronograma de produção não será alterado.
Diante da expectativa da população por uma vacina contra a Covid-19, como salientaram muitos parlamentares, Nísia Trindade ressaltou que todos os processos estão sendo acelerados, dentro dos parâmetros de segurança e eficácia.
O custo da vacina de Oxford deve ser de cerca de US$ 3. Apesar destes esforços, ela reconheceu que um desafio é dar acesso igualitário à imunização.
“Nós temos clareza que o mundo precisará de mais de uma vacina e que a nossa torcida tem que ser para que mais de uma vacina se demonstre eficaz e segura, porque só assim será possível atender a essa demanda global numa situação tão crítica em que o mundo está em termos sanitários, econômicos, sociais e humanitários.”
Processo acelerado
A aceleração de que falou a presidente da Fiocruz foi detalhada por Gustavo Lima Santos, representante da Anvisa. A agência aprovou, com rapidez, o aumento do número de voluntários brasileiros desta vacina de 5 para 10 mil pessoas, a ampliação da faixa etária, que passou a incluir os idosos, e a adoção de uma segunda dose nos testes.
Também estabeleceu um prazo máximo de 60 dias para a aprovação do registro de vacinas contra a Covid-19, dentro da chamada “submissão contínua”, em que os fabricantes enviam as informações durante o processo de produção.
“Ao gerar dados de eficácia, ao gerar dados de segurança, ao gerar os dados de qualidade, que isso já venha pra Anvisa imediatamente, que a gente já possa fazer as análises, já possa fazer nossas considerações, já possamos alinhar expectativas e isso, com certeza, tornará mais célere a análise final após a formalização do pedido de registro com o dossiê completo.”
Secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Medeiros informou que foi criada uma câmara técnica, composta por especialistas e secretários de saúde, para planejar a distribuição e aplicação da vacina e determinar quais serão os grupos prioritários. Também foi feito um termo de referência para a compra de 300 milhões de seringas.