Além de músico, Luciano Falcão é professor da rede pública de ensino em Maceió e Marechal Deodoro
A obra de Luciano Falcão, que além de músico atua como professor de Arte em Maceió e Marechal Deodoro, é um desdobramento de um projeto que começou um ano atrás, em uma escola pública da capital. A ideia do professor era apresentar aos alunos, mesmo que de maneira virtual por causa da pandemia, o acervo da Pinacoteca. Acabou que o próprio professor se encantou pelas obras e enxergou música nos quadros.
“Este é um EP instrumental, em que a harmônica cromática é o instrumento solista. A ideia básica era fazer uma relação entre as linguagens da música e das artes visuais, tendo em vista que todas as linguagens artísticas conversam, mesmo que pareçam, para muitos, que elas sejam totalmente diferentes”, explica Luciano Falcão.
O artista escolheu as obras de Fayga Ostrower, Elon Constantino, Getúlio Motta, Vicente Ferreira e Lula Nogueira. O que ele viu, diz o músico, o público poderá ouvir. O EP tem, além de Luciano nas gaitas cromáticas, guitarras, violão, baixo e teclados, a participação de Roberi Rei nas percussões. Rei também divide com Falcão a direção musical do projeto, que ainda tem Rafa Quintino no cavaquinho e Nelsinho Neto no violão em uma das faixas (Jaraguá Drinks).
O presente de Luciano para a Pinacoteca dará ao público a oportunidade de ouvir o EP enquanto contempla as obras no qual foi inspirado. Luciano lança, diariamente até o dia 31 de outubro, um vídeo especial para cada faixa.
“O objetivo é que a pessoa possa ouvir a música e apreciar a obra visual, tirar suas próprias conclusões. A arte é subjetiva e permite que cada um faça as suas interpretações”, diz. “Quero que essas interpretações sejam colocadas nos comentários para que haja uma conversa entre obras e seus apreciadores, ou seja, fazer uma grande e prazerosa brincadeira e viagem”, completa o artista, que pode ser encontrado no Youtube como “Luciano Harmônica Falcão”.
PRESENTE MUSICAL
Luciano Falcão faz questão de falar que o EP não existiria sem o projeto pedagógico realizado com alunos de uma das escolas públicas que ele leciona. Essa história, diz, começou com a produtora cultural Cris Honorato perguntando ao artista se ele tinha interesse em trabalhar com a Pinacoteca, que estava fechada e em busca de parcerias com escolas. “No mesmo dia, ela me colocou em contato com a coordenadora Iris Danielle e começamos a conversar”. “O projeto ‘Pinacoteca Universitária da Ufal’ eu realizei na Escola Estadual Onélia Campelo, com alunos do 6º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio, com uma série de atividades com o acervo”, explica.
“Mesmo totalmente online, os resultados foram muito positivos, e já nessa época eu estava pensando nessa ideia, que era uma vontade antiga, de unir as artes plásticas com a música. Externei essa ideia para Iris e ela topou, serviu de ponte para falarmos com os artistas e submetemos a proposta do EP na Lei Aldir Blanc. Passamos”, diz Falcão.
Outra alegria do artista está na maneira como o trabalho foi recebido pelos autores das obras escolhidas por ele para o disco. “Eles amaram a ideia, todo mundo recebeu muito bem. Pude entregar pessoalmente cópias do disco para a filha de Getúlio Motta, pretendo entregar também para Lula Nogueira, que são artistas do estado. Ellon Constatino e a filha de Fayga Ostrower, None Ostrower, também ficaram muito felizes com o resultado. Fiquei muito feliz por poder entrar em contato com todos”, afirma.
Capa do EP foi desenhada pelo filho caçula do músico – Foto: Reprodução
O desenho da capa do EP é motivo de especulação. Não se trata, diz Luciano, de uma obra de artista renomado, mas de um artista que ele tem dentro de casa: o filho caçula Heitor. “Com a sua pureza e simplicidade de criança, mostrou a beleza da natureza vista por seus olhos. Por isso, resolvi colocar na capa do EP, porque para mim também significa que arte faz parte da alma humana desde que nascemos e fica conosco até partirmos daqui”.
PINACOTECA, 40 ANOS
O museu de arte contemporânea que inspirou Luciano está de portas fechadas há dois anos – primeiro por causa de uma obra e, depois, em decorrência da pandemia de Covid-19. Antes disso, no entanto, o local era um dos que mais movimentou a cena das artes visuais no estado. Algo que, inclusive, faz falta.
A Pinacoteca Universitária completou assim seus 40 anos, fechada, mas cercada pelas recordações e pela expectativa de que o local volte a funcionar. Saiba mais aqui.
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Maylson Honorato e Lucas Rocha
Foto: Cortesia