Na residência da dona de casa Elisângela Tavares, moradora do bairro do Poço, os cuidados com os depósitos de armazenamento de água são redobrados. Pra complementar a renda, a família produz desinfetante artesanal, por isso, o quantitativo de vasilhames para armazená-los ocupa boa parte do seu quintal.
Embora fechados e cobertos com sacos plásticos, a equipe de agentes de endemias que visitou a residência chamou a atenção da moradora para se manter atenta ao acúmulo de água na superfície do plástico, situação que vinha passando despercebida da dona da casa.
“Achei que cobrir com o plástico seria suficiente para evitar o surgimento de focos do mosquito Aedes aegypti. Acompanho muito as notícias pela TV e procuro fazer tudo direitinho como os agentes indicam na minha casa, mas é bem diferente com eles observando cada detalhe aqui”, afirmou dona Elisângela, que, inclusive, estava cuidando de uma neta pequena acometida por dengue.
A visita fez parte da programação rotineira da equipe coordenada pela supervisora Fernanda Flávia Silva, que atua em um dos bairros apontados pelo LIRAa (Levantamento de Índice Rápido de Infestação do Aedes aegypti) como um dos que apresentam altos índices de focos do mosquito transmissor das arboviroses dengue, zika e chikungunya. E onde a Gerência de Controle de Doenças Transmitidas por Vetores e Animais Peçonhentos tem intensificado a atuação dos agentes de endemias do município.
“Nossas equipes têm reforçado as ações, no sentido de promover um controle mais efetivo com o tratamento e eliminação dos focos, além do reforço na orientação dos moradores, estimulando que cada um faça, a cada 15 dias, a própria inspeção em seu domicílio, estreitando a parceria com o poder público no combate ao Aedes aegypti”, explica a gerente responsável pelo trabalho das equipes, Carmem Samico.
Apenas na região do Poço – que apresenta um percentual de 10% de infestação do mosquito – as equipes da Gerência têm trabalhado para cobrir cerca de 8.900 imóveis, realizando a inspeção dos ambientes, reforçando as orientações e eliminando os focos do mosquito encontrados. A principal tarefa, porém, é convencer a população a aderir aos cuidados necessários.
A supervisora Fernanda Flávia explica que a equipe sempre ouve relatos de pessoas que seguem as orientações, mas que acabam adoecendo com as arboviroses transmitidas pelo mosquito por conta de vizinhos que não têm a mesma preocupação ou possuem pequenos comércios que prejudicam todos os que estão ao redor, como oficinas ou borracharias.
“Com esses, trabalhamos mais frequentemente e, na reincidência, emitimos autos de infração para que o local procure se adequar às condições necessárias, que resguardem a saúde de todos”, ressalta a supervisora.
Na continuidade da inspeção pelas ruas do bairro, os agentes encontraram um desses locais, que é definido como ponto estratégico, por sempre merecer uma maior atenção das equipes no trabalho de campo. Numa oficina mecânica instalada já há 14 anos no mesmo local, os agentes de endemias encontraram muitas peças e carcaças de automóveis descartadas no quintal, com inúmeros criadouros com larvas do mosquito.
“Aqui, fizemos a eliminação desses criadouros, o tratamento de focos e a coleta de larvas para análise em laboratório. Como o proprietário informou que já havia contratado um serviço para retirar os materiais e limpar o local, demos um prazo para que esse ajuste seja feito, mas já estamos ajustando uma nova visita, para conferir se isso será feito”, frisou Fernanda Flávia Silva.
Dados
Com o registro de casos até o final do mês de julho deste ano somando 9.213 notificações para dengue, o município de Maceió apontou um aumento de 539,79% em relação ao número de casos notificados no mesmo período de 2021, que foi de 1.440 casos.
Em relação à Chikungunya, no período citado, foi registrado um crescimento de 5.753,33%, com 3.512 casos notificados em 2022, contra 60 casos suspeitos em 2021. E no que diz respeito à Zika, o registro foi de aumento de 54,05% de casos neste mesmo período, o que fez crescer a notificação de casos de 37 em 2021 para 57 em 2022.
Os bairros que aparecem com os índices mais elevados de infestação pelo Aedes aegypti são Jaraguá (12%), Jardim Petrópolis (11,81%), Poço (10%), Ponta da Terra (8%), Ouro Preto (7,70%) e Gruta de Lourdes (7,31%). Todos têm índices de infestação predial acima de 4%.